O sol quer simplesmente nascer, iluminar e repousar no poente. |
por Padre Ferdinando Mancílio, C.Ss.R
Levantei-me bem cedo e abri a janela. A brisa suave e aconchegante da manhã, ainda escura, tocou-me com a mão da pelica e até pareceu até ter penetrado minha existência.
Ao abrir a janela tive a inebriante sensação de que Deus olhava para mim. Confesso até que fiquei meio atônito. Ele parece-me ter perguntado: Filho, como você espera que seja seu dia que apenas começa? Fui surpreendido por tal pensamento,e outra coisa não queria senão continuar ali, a escutar o que Deus tinha para me falar.
Talvez alguém possa me objetar dizendo: "Esse aí precisa de análise, pois não está nada bem". Corremos o perigo de fazer afirmações amargas. Estes se esquecem de que a vida é feita de poesia, de sonhos, do olhar para além. Olhar unicamente para si mesmo, para suas concepções e absolutizá-las é tornar-se pequeno demais. A vida tem uma grandeza incomensurável, que não se é capaz de medir. Admirar o novo dia, sentir a brisa da manhã, contemplar o Senhor que nos fala e nos estende Sua mão, é a grandeza de quem está sempre disposto a recomeçar, a olhar de novo para si e para as coisas, e sabe que é possível recomeçar agora e alcançar um novo fim.
É preciso contemplar o amanhecer e o sol que se levanta ditoso todos os dias, sem cessar, sem se cansar. Está sempre pronto a começar de novo, mesmo que alguém tenha dele reclamado. Ele quer simplesmente nascer, iluminar o dia, e repousar no poente, dando adeus à terra e permitindo que a lua ocupe seu lugar. Sol, bendito sol, que não tem medo de nascer de novo.
Não perca a coragem de recomeçar. Quem assim faz abre para si mesmo a oportunidade do infinito e nele se lança sem reservas. Quem muito se reserva certamente não descobre a grandeza de si mesmo e nem a dos outros.
Jesus tem toda a razão quando nos diz que é preciso perdoar sempre. Perdoar é interessante, e é a melhor vingança que eu posso ter. Quem me ofendeu ficará desiludido da sua atitude, porque a minha, a do perdão, desarma qualquer violência. O perdão é amor, e amor é como o mar: vemos seu início, jamais seu fim. Somos assim: carregamos marcas dentro de nós, dores e até angústias. Mas deixar-se prender por estas coisas é deixar de viver.
Aventure-se nessa viagem do perdão, do recomeçar que nos conduz ao infinito. Precisamos aprender a lição do recomeçar sempre, pois tudo nesta vida passa: amarguras, ilusões, frustrações, alegrias e dores. Até nós mesmos vamos passar, e ficará apenas a história daquilo que construímos.
Mas não se canse. A vida é como o calendário, que naquele primeiro dia de cada ano nos dá a exata sensação de que nada terminou e estou outra vez recomeçando. Então, bendito calendário, que nos faz entender que é preciso recomeçar. Faça isso, e não fique preso em amarguras. Tenha atitude, pois ela é própria de quem é nobre em seu viver.
(Revista de Aparecida - Janeiro de 2012 - Ano 10 - nº 118 - 10p)
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