domingo, 13 de novembro de 2016

A porta da misericórdia continuará aberta

No domingo, dia 13 de novembro, as dioceses de todo o mundo farão a conclusão local do Ano Santo extraordinário da Misericórdia. E, no Domingo de Cristo Rei, 20 de novembro, o Papa Francisco fechará a Porta Santa da Basílica de São Pedro, como sinal de conclusão do Jubileu da Misericórdia para toda a Igreja.
Foi um ano de graças, que passou bem depressa. Feliz de quem aproveitou intensamente esse “tempo de graças”, que Deus concedeu à sua Igreja e à humanidade. O Papa Francisco exortava, na Bula Misericordiae Vultus, de promulgação do Jubileu extraordinário, que este ano devia ser uma ocasião propícia para se reencontrar com o Deus da misericórdia e para acolher sua mão paterna, estendida a todos.
Por isso, aproveitou bem quem se situou de novo, e de maneira correta, diante de Deus: não como fariseu soberbo e autossuficiente, que nada precisa e não tem nada a dever a Deus. Não como quem se julga igual ou superior ao Altíssimo, querendo até mandar nele, não reconhecendo a própria humilde condição de criatura, necessitada de ajuda, misericórdia e salvação. Aproveitou bem o Jubileu quem entrou pela “porta da misericórdia” que é Jesus Salvador de todos; quem se aproximou, de coração sincero e contrito, do Sacramento da Reconciliação, confessou os próprios pecados e acolheu de coração agradecido o abraço restaurador de Deus. E também aquele que voltou a praticar assiduamente a fé, a rezar mais e melhor, a ouvir com alegria a Palavra de Deus, orientando sua vida por ela.
Este ano, conforme pedido do Papa, deveria ter ajudado os filhos da Igreja e todos a praticarem a misericórdia, de maneira concreta e assídua: “sede misericordiosos como o Pai celeste é misericordioso” – esta exortação de Jesus foi o lema do Jubileu. O mundo anda carente de misericórdia! Recordamos que a prática diária das obras de misericórdia é parte da vivência cristã e, sem isso, ainda estamos longe de cumprir aquilo que Jesus ardentemente pediu aos discípulos.
Ao longo deste Ano Santo, recordamos as obras de misericórdia corporais e espirituais, que sempre fizeram parte da vida cristã; deixar isso no esquecimento seria o mesmo que esconder uma parte essencial do Evangelho e dos ensinamentos de Jesus. Uma das bem-aventuranças do Evangelho refere-se, justamente, à prática da misericórdia: “felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7). Em outro lugar, o Novo Testamento nos recorda: “não haverá misericórdia para quem não praticou a misericórdia” (cf. Tg 3,2). No julgamento final, ter praticado a misericórdia, ou não, fará toda a diferença (cf. Mt 25, 31-45).
Queira Deus que o Jubileu da Misericórdia não tenha sido uma ocasião perdida; nossa vida cristã e a prática de nossa fé precisam da concretude das obras da fé! Nada é mais concreto que a efetiva prática da misericórdia! O Papa Francisco recordou, em várias ocasiões, que os pobres, doentes, prisioneiros e tantos outros irmãos necessitados são “a carne ferida de Jesus”. Que bom se tivermos aprendido de novo essa lição! Resta agora colocá-la em prática com atenção e diligência. E seria muito importante que os pais também ensinassem aos filhos a prática das obras de misericórdia, desde cedo: isso faz parte da iniciação à vida cristã.
Na solenidade de Todos os Santos, pedimos a Deus que, “por intercessores tão numerosos, alcancemos a plenitude da misericórdia”. Os santos já alcançaram misericórdia porque foram grandes praticantes das obras de misericórdia corporais e espirituais no contexto em que viveram. Se quisermos estar um dia na companhia deles – e essa é a nossa vocação maior! – é necessário imitar suas vidas.
No dia 13 de novembro, “demos graças a Deus porque Ele é bom e sua misericórdia não conhece limites!” As Portas Santas da Misericórdia se fecham em nossas igrejas, sinalizando a conclusão deste Jubileu extraordinário da Misericórdia! Mas permanece aberto o coração misericordioso de Jesus Cristo, verdadeira e indispensável porta da misericórdia de Deus, pela qual devemos passar a vida inteira. E os braços de Deus permanecem sempre estendidos e abertos para acolher no abraço da misericórdia a todos os que dele se aproximam.
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo metropolitano de São Paulo

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